“ROAD TO HELL” (“ROAD TO HELL”) Albert Pyun (2008) EUA

CONSEGUI ! Finalmente coloquei os olhos em [“ROAD TO HELL“] !!!
Depois de quase dez anos à procura deste título, agora graças a um link manhoso que um leitor deste blog me enviou ( e a mais de 18 horas de download para sacar 800 megas apenas ) eu consegui finalmente ver [“ROAD TO HELL“].
Filme que continua incrivelmente dificil de obter e estará entre os mais raros de que vocês certamente nunca ouviram falar. Practicamente ninguém sabe que existe uma sequela low-budget para o filme de Walter Hill.
Nunca foi editado oficialmente, foi apenas exibido em alguns festivais de cinema independente muitos anos atrás e depois da morte do realizador Albert Pyun, ficou para sempre na prateleira não tendo conhecido qualquer distribuição oficial.
A lenda dizia que existia apenas uma cópia dvd pessoal do realizador e a julgar pela que obti, esta versão parece ter sido ripada (e com muito boa qualidade) desse tal dvd, pois o MKV inclui imagens dos menus ao início.
Mas não é por isso que [“ROAD TO HELL“] atingiu uma espécie de estatuto de filme-culto-maldito.
O que torna este filme tão estranho é que [“ROAD TO HELL“] é, ou pretende ser uma sequela para STREETS OF FIRE e aquilo que podia ter sido muito especial na verdade acabou por se tornar em vez disso, em algo absolutamente desconcertante precisamente por isso mesmo.

ANOTHER TIME, ANOTHER PLACE

[“ROAD TO HELL“] nos seus melhores momentos faz lembrar Star Wars no pior dos sentidos. Ou melhor, se isto é um filme feito por um fã da obra original, na verdade mais parece um fan-film produzido por um daqueles fãs que odeiam aquilo que veneram do que algo que verdadeiramente tentará homenagear o material em que se inspira.
Tal como actualmente ninguém parece odiar mais Star Wars do que aqueles fãs absolutamente fanáticos pelo franchise, também [“ROAD TO HELL“] em muitos momentos mais parece ter sido escrito e realizado por quem odeia em absoluto STREETS OF FIRE e quis acabar de vez com a magia do original.
Porque, de outra forma não se entende o que raio é que eu acabei de ver.

Consta que este filme e esta história surgiram de uma conversa entre o realizador Albert Pyun (acérrimo fan confesso do filme de Walter Hill) e a argumentista de [“ROAD TO HELL“] Cynthia Curnan.
Ok, até aí eu percebo. O que eu não entendo é como raio duas interpretações tão dispares do final do filme original deram origem a algo como [“ROAD TO HELL“] !
E mais, tendo Pyun a mesma opinião que eu tenho da obra de Walter Hill, ainda me custa mais a perceber que ele tenha concordado em filmar uma “sequela” como esta. Uma sequela onde o argumento destroi de propósito toda a magia do original e acima de tudo desintegra por completo os personagens de STREETS OF FIRE até não restar absolutamente nada do que eles eram no filme de 1984.

Reza a história que Pyun considerava o final de STREETS OF FIRE como um dos mais românticos de sempre na forma como Cody se ia embora noite dentro ao som da música final que fala sobre sonhos inatingiveis, amores incompatíveis, etc.
Acontece que a sua amiga Cynthia Curnan tinha uma opinião contrária e achava que o final era absolutamente deprimente e que a escolha de Cody só iria destruir a sua vida. Ideia que a levou a escrever uma história tendo por base a sua visão trágica e derrotista da história de amor original.
Só não entendo porque Albert Pyun achou que aquela ideia poderia ser transformada na sequela-indie perfeita para STREETS OF FIRE quando tudo o que está na história não só, não tem lógica nenhuma, é negro como o raio, como acima de tudo é totalmente out-of-character no que toca a todos os personagens. Personagens que são simplesmente destruídos de uma forma que eu nunca tinha visto pela frente.
Aliás, como raio Michael Paré aceitou voltar “ao personagem” com um argumento destes é algo que me irá para sempre ultrapassar.
O Cody de [“ROAD TO HELL“] não tem absolutamente nada a ver com o original e toda a sua personalidade é tão oposta a tudo o que foi estabelecido em STREETS OF FIRE que faz com que por momentos tentarmos acompanhar a “sequela” de Pyun se torne quase uma tortura porque a todo o instante a narrativa entra por acontecimentos WTF que não têm nada a ver com absolutamente nada.

Aviso que a partir daqui esta review contráriamente ao que costumo fazer vai conter imensos *spoilers* sobre [“ROAD TO HELL”]. Mas sinceramente… não se preocupem…

NOWHERE FAST

Para a argumentista desta “sequela”, Cody depois de se ter separado de Ellen, essencialmente flipou dos cornos e tornou-se um assassino psicopata, violador e torturador de mulheres.
Sim isso mesmo.
A dor de ter perdido o seu amor associado a um sério trauma de guerra, fez com que algo negro despoletasse em si e essencialmente Cody começou a vaguear pelo mundo sem destino, deixando um rasto de sangue por onde passava porque sim.
Em vez de tentar voltar para Ellen, Cody preferiu dedicar-se a espancar mulheres a torto e a direito visto que nenhuma se podia comparar a Ellen Aim e como tal todas as mulheres merecem levar na tromba até não restar mais nenhum dente ou sangue para derramar na estrada.
Oh yes… vocês nem vão acreditar no que vêem se conseguirem apanhar uma cópia de [“ROAD TO HELL“] pela frente.
Se a malta do Star Wars acha que a nova trilogia e em particular The Last Jedi destruiu por completo toda a história original então espero sinceramente que se entre eles existir algum fã de STREETS OF FIRE este nunca coloque os olhos no que foi feito em [“ROAD TO HELL“], pois é simplesmente inacreditável.

E há mais… Cody durante a primeira metade do filme, parece co-existir entre a realidade e uma espécie de limbo/purgatório onde nunca se percebe bem se a violência extrema é apenas uma ilusão psicadélica ou se é real.
Há também duas -strippers- que entretanto mataram uma família porque sim, tendo raptado um bébé que não serve para nada na história e que têm o azar de se cruzar com Cody numa estrada abandonada.
Resultado, Cody não perde tempo em começar também a espancar, violar e torturar as mulheres, porque está muito traumatizado e elas merecem.
Isto enquanto espera que um autocarro transportando Ellen passe por ali de forma a que ele lhe jogue a unha e lhe dê igualmente o que ela merece ao mesmo tempo que tem imensas saudades suas.
Confusos ?
Ainda não viram nada.

Lembram-se da McCoy que partiu rumo ao por-do-sol com Cody no final do filme original ? Hmm… pois… como posso explicar… se calhar é melhor estar calado…
Há tanto momento WTF para os fascinar e deixar repugnados ou surpreendidos em [“ROAD TO HELL“] que assistir a este filme se torna em algo absolutamente hipnótico pois não percebemos mesmo o que raio se poderá passar a seguir ou como é possivel que a magia romântica de STREETS OF FIRE possa ficar ainda mais destruida.
Mas fica !
Algo me diz que esta argumentista não teve grande sorte ao amor pois todo este argumento mais parece uma espécie de manifesto ultra-feminista onde se prova que todos os homens são porcos, feios e maus. E nenhum escapa !
Isto porque…lembram-se de Fish, o simpático personagem de Rick Moranis que fica com Ellen no original ?
Bem ficam a saber que mal o STREETS OF FIRE acabou e Cody se foi embora, em vez de proteger Ellen Aim, Fish contratou um assasino para a torturar e matar, porque afinal a gaja merecia morrer por ter andado enrolada com Cody e ainda por cima ter engravidado.
Sim, leram bem… Fish mandou matar Ellen…coisa que depois é resolvida na narração final de [“ROAD TO HELL“] onde se fica a saber que Cody foi atrás dele e parece que não deixou um bocadinho para torturar também.

E há mais ! Mas não posso contar tudo porque até já falei muito.
Resumindo, se por acaso vocês, que gostam tanto de STREETS OF FIRE quanto eu e algum dia tiverem a sorte ou azar de se depararem com uma cópia de [“ROAD TO HELL“], não se preocupem que momentos WTF é coisa que não falta para descobrir.

TONIGHT IS WHAT IT MEANS TO BE YOUNG

Mas se [“ROAD TO HELL“] se parece a todo o instante com um fan-filme caseiro produzido, escrito e realizado por fãs que odeiam STREETS OF FIRE, por outro lado, aqui e ali encontramos verdadeiros momentos de homenagem ao filme original que nos dão um pequeno vislumbre do que esta pseudo sequela poderia ter sido e ter feito de bem para se manter fiel ao espirito do filme de Walter Hill.
Para começar na minha opinião, a miúda que escolheram para fazer de “Ellen Aim” e apontar [“ROAD TO HELL“] para STREETS OF FIRE é simplesmente fantástica na forma como reproduz o mais pequeno tique de Diane Lane no filme original nas sequências de “sonho/musicais”. Faz-nos esquecer por completo que não estamos a ver um qualquer take perdido do filme de 1984 e sim algo filmado com uma dupla em 2008.
Depois, toda a relação de Cody com a filha perdida que agora também tem uma banda rock e canta inclusivamente as mesmas canções que a sua mãe cantava dá origem a alguns momentos perfeitos e verdadeiramente nostálgicos (graças às canções de Jim Steinman); que, se [“ROAD TO HELL“] tivesse sido outro tipo de história realmente coerente teriam servido para fazer a ponte perfeita entre a história de 1984 e qualquer coisa que se quisesse fazer para a sequela.
Os novos covers the Nowhere Fast e Tonight is What it Means to be Young são particularmente interessantes e acabam por ser o grande ponto alto do filme ( que podem encontrar em clips pelo youtube ). Ao mesmo tempo parecem momentos deslocados do filme pois não servem para nada na narrativa e não levam a lado nenhum.
Os momentos com a irmã de Cody também resultam de certa forma mas o problema é que com o argumento WTF que a actriz dispunha também não deu para ir mais longe.

NATURAL BORN WTF

O problema é que aquilo que [“ROAD TO HELL“] faz bem depois não liga de forma nenhuma com tudo em modo WTF que existe no resto do filme. Na verdade [“ROAD TO HELL“] parece dois filmes totalmente diferentes. Um sobre um bando de assassinos psicopatas que matam e torturam estrada fora em estilo road-movie porque sim e outro sobre a tentativa de Cody de buscar a sua ligação com Ellen através da procura pela filha perdida de ambos que não quer ter nada a ver com o pai que a abandonou.
[“ROAD TO HELL“] no seu modo WTF parece querer ser uma espécie de NATURAL BORN KILLERS em versão low-budget mas que não percebe que o filme de Oliver Stone tem muito mais do que apenas mortes e assassinatos sem sentido e não basta encher todo filme de visuais psicadélicos artificiais totalmente over the top com muita violência brutal gratuita para que este resulte da mesma forma.
Aliás, um dos grandes pontos negativos de [“ROAD TO HELL“] é também aquela pretenção a Art House Movie. Talvez fruto do zero orçamento, mas a verdade é que todas aquelas imagens em estúdio em total modo Photoshop 1990 simplesmente são do pior e não há tentativa de cinema de autor que pudesse ter salvo aquilo. A narrativa é desconjuntada, os diálogos são forçados ou não têm qualquer lógica, os personagens são totalmente destruidos e todo o sentido esotérico da ideia perde-se por completo ao tentar ser um filme mais inteligente do que pode ser.

[“ROAD TO HELL“] é tão bom ou tão mau quanto as reviews no IMDb o fazem parecer. Se lá forem irão notar que ou se odeia o filme com 1 estrela ou se ama o filme com 10 estrelas e há muito pouco entre as duas pontuações.
Eu na verdade também não estou a meio termo mas sim em ambos os campos. [“ROAD TO HELL“] tem momentos do pior, mas quando resulta resulta também mesmo bem.
O que para alguém como eu que tem STREETS OF FIRE como um dos filmes da sua vida torna a coisa aqui muito complicada para agora poder classificar este filme…

CLASSIFICAÇÃO

[“ROAD TO HELL“] é de visão obrigatória para toda a gente que adorar STREETS OF FIRE. Vá lá, não resistam. Vocês sabem que têm mesmo que ver isto com os próprios olhos.
Por outro lado avancem com muito cuidado. [“ROAD TO HELL“] irá destruir seriamente toda a mitologia romântica do original, estragar-lhes por completo a atmosfera do final do filme de Walter Hill e desintegrar de forma inimaginável todos os personagens que vocês conhecem; adicionando depois personagens novos que não servem para nada, não encaixam com nada e são simplesmente carne para canhão ou para o punho de Cody.
Se gostam de ver mulheres espancadas por dá cá aquela palha este filme é para vocês. Eu acho que ainda estou em estado de choque, não com a violência cartoon da coisa mas com todas as escolhas que Albert Pyun fez para concretizar algo como isto que deveria ter sido uma homenagem ao filme original e acabou por se tornar em algo absolutamente impossível de descrever.
Mesmo assim..

Três Planetas Saturno

E perguntam vocês, mas uma classificação tão simpática depois de tudo porquê ? Bem porque se esquecermos que isto será uma sequela para Streets of Fire e olharmos para isto como mais um daqueles titulos de cinema independente de baixo-orçamento a verdade é que é algo particularmente hipnótico e até mesmo as partes atrozes nos fazem querer ficar colados ao ecran só para ver o que vai acontecer a seguir.
O tom “Artsy” apesar de irritante por vezes atinge aquele nível de sonho ou pesadelo que serve bem o argumento que se pôde arranjar. Se alguma vez pensaram como seria um clone pobrezinho de Natural Born Killers isto poderá ser um titulo curioso.
Além do mais é um filme raro como o raio e vale a pena ser visto pelo menos uma vez.

A favor: em alguns instantes parece que a magia do original vai regressar; a miuda que faz de Diane Lane/Ellen Aim é absolutamente perfeita, os covers modernos das músicas de Jim Steinman são interessantes. Eu sempre gostei do Michael Pare no tipo de papeis que fez e aqui apesar de tudo não é excepção e é dele a melhor prestação do filme.

Contra: tudo o que não são canções de Jim Steinman é absolutamente do pior em termos de banda sonora, o que fizeram à história e aos personagens não se entende, a narrativa errática do filme por vezes não resulta nada bem, a violência cartoon extrema é apenas anacrónica e não traz nada ao filme, o estilo visual entre o Art-House podre de inteligente e o péssimo Photoshop circa 1995 é mau de mais para ser verdade. Alguns actores são atrozes e muitos dos diálogos pior ainda. Tudo o resto e ainda mais !

Se nunca viram o filme STREETS OF FIRE original, recomendo vivamente que o espreitem e já agora podem a seguir passar os olhos pela minha review pois está cheia de curiosidades sobre os bastidores do mesmo que provavelmente os irão surpreender.

https://universosesquecidos.wordpress.com/2017/02/14/estrada-de-fogo-streets-of-fire-walter-hill-1984-eua/

NOTAS ADICIONAIS

TRAILERS & VIDEOCLIPS

IMDb
https://www.imdb.com/title/tt1253859/


PODEM IR BUSCAR O FILME AQUI:
http://nitroflare.com/view/CCBB349C1DDD9CD/Road_to_Hell.mkv/


NOTA: Este será provavelmente o último post neste blog pois o WordPress mudou as regras e o estilo do backoffice para muito, muito, muito pior e estou a pensar abandonar de vez esta plataforma. Complicaram por demais a colocação de posts, agora há features pagas e continuar aqui com o estilo visual que tinha definido para o blog não é possivel pois levo dias para formatar o visual de cada post com a porcaria dos “blocks” limitados que agora inseriram no backoffice.
O blog irá continuar em breve noutro local, por isso estejam atentos.

“UNDERWATER” (“UNDERWATER”) William Eubank (2020) EUA

[“UNDERWATER“] filmado em 2017 mas lançado apenas em 2020 surpreendeu-me pela positiva quando eu esperava mesmo algo muito mau; talvez por ter partido para isto sem qualquer expectactiva apesar de eu adorar aventuras submarinas e já ir preparado para ver o tipo de filme que acabei naturalmente por encontrar.
E até ontem eu nem sabia que este filme existia, o que hoje já é coisa rara de acontecer no que toca a cinema pipoca blockbástico como este.
Curti.

UNDERWATER 18

Não deixa de ser fascinante constantar a carga de porrada que [“UNDERWATER“] está a levar em todas as reviews por ser apenas mais um Alien, quando em 1987 aquele que é para mim um dos melhores sci-fi de todos os tempos “THE ABYSS” foi atacado pela crítica e público ao ter decepcionado “toda a gente” porque afinal, o filme de James Cameron não era um “Aliens” debaixo de água como toda a gente pensava que ia ser.

UNDERWATER 01 UNDERWATER 28

Depreendo portanto que se [“UNDERWATER“] tivesse saído em 1987 teria sido um clássico de terror subaquático instantaneo pois este filme agora dá ao espectador exactamente o tipo de filme que as pessoas queriam ter visto em “THE ABYSS” ( e já agora em “SPHERE” também ) trinta e tal anos atrás.
Ora pois, bem trinta anos depois [“UNDERWATER“] é tudo aquilo que o povo e crítica queriam ter visto em “THE ABYSS” mas agora parece que é por isso mesmo que está a ser atacado por todo o lado como se este tipo de cinema existisse para ser comparado com o “Lawrence da Arábia” em termos de qualidade cinéfila ou algo assim.
[“UNDERWATER“] é um monster movie.
Nada mais, nada menos.
E resulta mesmo muito bem meus amigos, precisamente porque nem tenta disfarçar o facto de ser essencialmente Alien no fundo do oceano e não se preocupar nada com isso.

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Não irá ficar na vossa memória, daqui a um mês já nem se lembram do que viram, mas há que dizer que enquanto dura é absolutamente eficaz, divertido, consegue fazer-nos importar com alguns dos personagens, até a moçoila do Twilight está óptima.
O design é mesmo muito bom com um concept art muito envolvente, cheio de referências a montes de coisas e os efeitos especiais são tão bons que as pessoas nem notam que o filme foi filmado totalmente a seco e tudo o que nos parece ser água nas sequências subaquáticas são animações de particulas CGI colocadas em pós-produção.

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Há muito trabalho técnico invisivel de qualidade em [“UNDERWATER“] e portanto se há um aspecto onde o filme brilha por não notarmos nada do que está constantemente a fazer é precisamente naquilo que nos consegue mostrar sem parecer que estamos a ver efeitos especiais ao criar um universo subaquático Lovecraftiano de terror absolutamente perfeito e fiel às suas origens literárias originais.

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Cthulhu

É que por falar em Lovecraft, o realizador já confirmou que o “Alien” é precisamente o mesmo Cthulhu da obra do autor , o que torna logo também [“UNDERWATER“] num dos melhores épicos genuínamente Lovecraftianos que apareceram nos últimos anos.
Agora só espero que depois disto alguém se lembre finalmente de levar ao cinema o livro “Nas Montanhas da Loucura” sobre os horrores lovecraftianos que uma expedição ao Pólo Sul encontra nas ruínas de uma civilização perdida.

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A julgar pela representação Lovecraftiana pura em termos de ambiente conseguida em [“UNDERWATER“] já nada impedirá que alguém algures finalmente leve também aquela obra de Lovecraft ao grande ecran. E se calhar este realizador não seria também uma má escolha pois está mais que claro neste simples e básico thriller de terror que o homem percebe bem as suas referências e sabe como transpôr o tipo de horror épico do escritor para o grande ecran.

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Por ser tão simples [“UNDERWATER“] não perde tempo. Arranca com acção e suspanse, continua com tensão claustrofóbica e vai aos poucos tornando-se cada vez mais épico em termos visuais até culminar no final do costume mas nem por isso menos divertido desta vez. Na verdade se ultrapassarem a ideia de que isto já foi feito mil vezes antes , não há muito para atacar no filme. Técnicamente é muito bom, visualmente acerta em cheio onde deve acertar e mesmo as cenas de acção quase em escuridão total funcionam bem porque a própria montagem dá sempre tempo para que o espectador nunca se perca por muito tempo quando há confusão e pânico que precisa ser mostrado.

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Algumas mortes são muito clautrofóbicas e todo o clima de terror é bem gerido para nos proporcionar exactamente aquilo que esperamos. Não irá surpreender ninguém mas é um daqueles produtos do género bem executados e que irá agarrar ao ecrã quem sabe ao que vai e gosta do género de thriller sci-fi subaquático. Está para “ALIEN” como “LEVIATHAN” ou “DEEP STAR SIX” estiveram para “THE ABYSS” trinta e tal anos antes no que toca a cinema com monstros e personagens que vão morrendo um a um.
Esquecível mas divertido enquanto dura.

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CLASSIFICAÇÃO

Ia apenas dar-lhe três Planetas Saturno porque é um bom divertimento e nada mais, mas leva mais um ponto porque como filme de inspiração Lovecraftiana acerta em cheio no que mostra e como mostra sendo uma genuína aventura terror orgânico ao melhor estilo clássico no que toca a histórias com criaturas que se escondem nas profundezas.
O conceito está fixe, a execução também e tudo funciona.
Vão esquecer-se dele num instante mas isso não anula que seja um filme bem divertido para quem sabe ao que vai.

Quatro Planetas Saturno

  

A favor: excelente ambiente e bom concept art apesar de assentar na estética habitual neste tipo de filmes onde a influência Alien é por demais evidente, consegue criar um bom clima claustrofóbico e alguns bons momentos de suspense mesmo pelo meio de tanto estereotipo, os personagens têm uma boa empatia entre eles o que faz com que nos importemos com eles, a personagem da miúda frágil resulta bem e quase que a torna na protagonista da aventura, excelentes efeitos especiais pois parece mesmo que filmaram isto debaixo de água quando tal não aconteceu e tudo foi filmado em seco tendo os efeitos de água sido acrescentados em CGI na pós-produção e não se nota nada.
Não perde tempo a fingir que é um filme complexto ou a disfarçar as sua origens narrativas.

É acima de tudo um verdadeiro filme com espírito Lovecraft ao ponto do realizador ter confirmado que o monstro do filme é de facto Cthulhu e não apenas outro “Alien” qualquer o que dá logo outro ponto ao filme quando eu apenas lhe ia atribuir três planetas saturno originalmente.

Director William Eubank has confirmed in an interview that the sea monster seen in the movie is, in fact, Cthulhu of H.P. Lovecraft ‘s Mythos. Strangely, the mining company is called Tian Industries: in literature, the adjective “Lovecraftian” is used to indicate this type of cosmic horror.

Contra: já viram Alien ? Já sabem ao que vão.

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NOTAS ADICIONAIS

TRAILER


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IMDb
https://www.imdb.com/title/tt5774060

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Se gostou deste, poderá gostar de :

capinha_MOON 44.jpg capinha_last_days_on_mars capinha_pandorum capinha_moontrap capinha_Event_Horizon.jpg capinha_creature capinha_SPHERE

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“KING SOLOMON´S MINES” (“KING SOLOMON´S MINES” / “AS MINAS DE SALOMÃO”) J.Lee Thompson (1985) USA/ISRAEL

[“KING SOLOMON´S MINES / AS MINAS DE SALOMÃO“] é bem capaz de ser o filme de aventuras mais divertido de todos os tempos.
Sim, mais divertido que qualquer Indiana Jones.

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É que Indiana Jones apesar de tudo ainda é um filme que se leva a sério, enquanto [“KING SOLOMON´S MINES / AS MINAS DE SALOMÃO“] sabe que é mau e diverte-se tanto com isso que acaba por nos divertir a nós do princípio ao fim.

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[“KING SOLOMON´S MINES / AS MINAS DE SALOMÃO“] só existiu para que os infames produtores Isrealitas da Cannon ganhassem guito à pála do sucesso do cinema de Spielberg no auge da sua popularidade.
Como tal, tudo nesta aventura parece decalcado de um qualquer Indiana Jones que ficou pelo caminho e onde nem falta a presença de John Rhys Davies, aqui no papel de um vilão, quem sabe primo do bom amigo de Indiana Jones talvez numa parceria com o clássico Herbert Lom em modo nazi histérico numa parelha de vilões perfeita.

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INDIANA QUARTERMAIN

[“KING SOLOMON´S MINES / AS MINAS DE SALOMÃO“] mais de que um clone de Raiders of the Lost Ark parece um primo primo afastado de Indiana Jones, algo que lhe custou uma chuva de más reviews na altura mas que com o passar do tempo o colocou com todo o mérito entre os melhores e mais divertidos filmes de culto em que vocês poderão colocar os olhos.
[“KING SOLOMON´S MINES / AS MINAS DE SALOMÃO“] é como um daqueles vinhos ignorados que ganham qualidades com o passar do anos pois o tempo tem sido muito favorável a esta aventura totalmente despretenciosa. De cada vez que o revemos, apetece não deixar passar muito tempo até voltarmos a ele, naquilo que já se tornou num dos melhores guitly-pleasures do cinema do género.

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Nos extras do Bluray, Richard Chamberlain diz que foi um prazer fazer este primeiro filme e que a boa onda percorria todos os dias de filmagens ( até mesmo quando ele ia sendo comido por um crocodilo durante um fim de semana nas margens daquilo que parecia um calmo e bonito lago em Africa, localizado perto do set ).
A verdade é que se nota plenamente que [“KING SOLOMON´S MINES / AS MINAS DE SALOMÃO“] é um filme feliz pois toda essa alegria passou para o ecrã sem a menor sombra de dúvida e portanto se vocês nunca viram isto porque é tão “mau” quanto parece no trailer, nem sabem o que perdem.

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Não só o Alan Quartermain do romance original foi uma das inspirações para Indiana Jones como a verdade é que [“KING SOLOMON´S MINES / AS MINAS DE SALOMÃO“] também resulta tão bem porque está muito bem escrito e não parece.
Tem um ritmo diabólico com diálogos hilariantes que não dão descanso ao espectador desde os créditos iniciais até aos momentos finais; onde não de desperdiça uma palavra e cada frase parece afinada como um relógio Suíço, a um nível que só costumamos encontrar no melhor stand up comedy actual.

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ESTE FILME OFENDE-ME !

Os argumentistas pegaram no melhor do cinismo de Harrison Ford em Indiana Jones e entrando em modo que se foda, introduziram em [“KING SOLOMON´S MINES / AS MINAS DE SALOMÃO“] um sentido de humor tão incrivel e sem regras que este filme é bem capaz de ser um dos últimos de uma Era em que o politicamente correcto ainda não minava toda e cada produção para as massas.
É que meus amigos, esta aventura tem gags racistas, machistas, históricos e antropológicos tão inacreditáveis que hoje em dia haveriam de haver um monte de florzinhas de estufa nos Eua ( certamente ) que haveriam de clamar por boicote ao filme nas redes sociais com toda a certeza. É que acho que esta aventura não deixa ninguém por insultar divertidamente.

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Felizmente que [“KING SOLOMON´S MINES / AS MINAS DE SALOMÃO“] existe, pois esta é uma comédia de aventuras como nenhuma outra e jamais poderia ser produzida hoje em dia sem ser toda retalhada pela censura.
A forma como representa uma África profunda só é comparável àquilo que vimos por exemplo em Tintin no Congo no que toca a banda desenhada. Para os argumentistas desta aventura os nativos Africanos são todos pretos estúpidos, primitivos, canibais ou repulsivos como o raio e só os brancos representarão alguma coisa parecida com civilização.

KING SOLOMON´S MINES 36 King Solomon's Mines (1985)

E o estereótipo colonialista cartoon é tal, que nem falta uma sequência em que os Sharon Stone e Richard Chamberlain são cozinhados vivos num enorme caldeirão localizado no meio de uma aldeia de canibais, numa das sequências mais engraçadas e WTF de sempre onde não faltam tomates e condimentos em geral de plástico a boiar na água para dar mais sabor à carne.

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Mas se pensam que [“KING SOLOMON´S MINES / AS MINAS DE SALOMÃO“] só tem tiques racistas porque goza sem parar com os “pretos primitivos” desenganem-se meus amigos. O filme também não perdoa aos Alemães.
Reparando bem, são eles e a cultura alemã o alvo principal das piadas neste filme e não os nativos Africanos, ora não estivessemos a falar de uma produção Isrealista que se calhar por esta altura ainda teria uma conta ou duas a ajustar e não perdoa às críticas no que toca ao exército Alemão e às suas guerras.
Claro que os Àrabes não podiam ficar de fora e portanto ou são todos uns violentos animais e burros como a porta , ou então gananciosos e sem escrúpulos.

KING SOLOMON'S MINES, John Rhys-Davies, 1985, (c)Cannon Films KING SOLOMON´S MINES 09

Por outro lado, não desesperem, se gostam de piadas machistas em que as mulheres são tratadas como objectos sexuais ou louras burras, também irão ficar bem servidos com a lista de estereotipos no que toca à loura que grita como o raio e está sempre em perigo.
A verdade é que [“KING SOLOMON´S MINES / AS MINAS DE SALOMÃO“] não deixa ninguém de fora no que toca a gags politicamente incorrectos e é por isso que actualmente ainda se torna mais divertido do que foi inicialmente.
Tudo resulta em [“KING SOLOMON´S MINES / AS MINAS DE SALOMÃO“] no que toca a gags, pois são tão constantes e a um ritmo tal que não deixam o espectador descansar por um segundo.
Nem sequer para admirar as mágnificas paisagens naturais com que esta aventura pode contar.

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2 EM 1

É que tanto [“KING SOLOMON´S MINES / AS MINAS DE SALOMÃO“] como a sua sequela ( filmada ao mesmo tempo num dos primeiros 2 em 1 em termos de produção ), foram rodados mesmo no meio de África, em locais reais com figurantes contratados por entre as povoações das aldeias e não há aqui um CGI para simular o que quer que seja.
Como narra Chamberlain no Bluray estes filmes de aventura são até hoje os únicos deste género genuínamente rodados nos locais onde supostamente a aventura deveria estar mesmo a decorrer; o que parece que na altura foi uma das ideias mais estúpidas dos manos Golan & Globus pois a rodagem apesar de divertida logisticamente foi um pesadelo, ( em Hollywood ninguém queria acreditar que estes gajos estavam mesmo todos em Africa perdidos no meio do mato a fazer um filme, parece ) ; mas se calhar é por isso que [“KING SOLOMON´S MINES / AS MINAS DE SALOMÃO“] especialmente agora em bluray restaurado tem uma atmosfera tão épica, genuína e fabulosamente real.

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Foi também um dos primeiros filmes de Sharon Stone e segundo Richard Chamberlain, apesar dos dois se terem dado tão bem que gerou aquela química absolutamente fantástica entre ambos incendiando humorísticamente o ecran em todas as cenas que estão juntos, parece no entanto que a Stone deu alguns problemas à produção quando resolveu tentar implicar com a – outra miúda boa – que entrava na sequela porque segundo diz Chamberlain na entrevista, ela era demasido bonita e fazia alguma sombra à Stone em termos de atenção.
Situação que parece ter dado algum trabalho a controlar nos bastidores como recorda muito divertido Richard Chamberlain na fabulosa entrevista que está nos extras de edição Alemã em bluray e que recomendo vivamente.

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CINEMA DE AVENTURA TOTAL

No fim tudo contribuiu para que [“KING SOLOMON´S MINES / AS MINAS DE SALOMÃO“] resultasse. Mesmo na altura em que saiu e apesar de ter sido trucidado pela crítica mais iluminada, a verdade é que o filme foi um sucesso, porque o boca-a-boca resultou e não só o público estava sedento por mais aventuras arqueológicas vintage como no fundo a prestação de Richard Chamberlain foi determinante para que as pessoas também não se tenham importado muito por esta aventura existir na sombra do cinema de Spielberg.

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Os personagens são carismáticos, divertidos ou inacreditáveis, as cenas de acção são o máximo até mesmo quando os efeitos green screen são do pior e de ver para crer e o realizador J.Lee Thompson atribuiu a toda esta caça ao tesouro um ritmo imparável e mesmo tentando emular o estilo Spielberg porque deveria estar no contrato certamente, consegue no entanto tornar o estilo do filme em algo pessoal e distinto.

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E para complementar em grande tudo isto [“KING SOLOMON´S MINES / AS MINAS DE SALOMÃO“] conta com uma das bandas sonoras mais reconhecíveis e épicas em estilo John Williams que John Williams nunca compôs tendo o sempre excelente Jerry Goldsmith assinado aqui um trabalho mágnifico que anda sempre ali a roçar algo que já ouvimos antes mas nem por isso deixa de ser absolutamente perfeito para ilustrar todos os momentos que vemos no ecrã a todo o instante; sendo esta uma das grandes bandas sonoras dos anos 80 também sem a menor sombra de dúvida.

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Hoje é comum encontrarmos reviews modernas finalmente a dar o mérito que esta simples e carismática aventura merece ( bem mais divertida que Romancing the Stone da mesma altura por exemplo ) e onde muitos comparam Richard Chamberlain a Harrison Ford no mesmo tipo de papel; arriscando alguns até a dizer que preferem Alan Quartermain a Indiana Jones.
E só quem não viu ainda [“KING SOLOMON´S MINES / AS MINAS DE SALOMÃO“] é que poderá não entender a razão.
Por isso, estão à espera do quê?

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CLASSIFICAÇÃO

Ia “só” ficar-me pelos Cinco Planetas Saturno, porque se [“KING SOLOMON´S MINES / AS MINAS DE SALOMÃO“] tiver um problema este estará no facto de ter tantos gags a todo o segundo que lá mais para o final da aventura o impacto começa a perder-se um bocado e toda a sequência final parece já não ter a mesma energia que o resto do filme, o que contrasta um bocado com o tom inicial.
No entanto…
É impossível não adorar esta aventura. Só pelo facto de ser um dos filmes mais felizes e positivos que vocês poderão encontrar pela frente vale mesmo a pena espreitarem e é o antídoto perfeito para estes dias de quarentena Covid-19 que todos vivemos no momento em que escrevo isto.
Richard Chamberlain é o primo do Indiana Jones perfeito numa prestação à prova de bala, Sharon Stone nunca esteve tão luminosa, os gags politicamente incorrectos são o máximo, as sequências de acção não dão descanso e aquela banda sonora mantém-nos de sorriso na alma durante quase duas horas. O que é que vocês querem mais ?

Cinco Planetas Saturno e um Gold Award

     

Como eu referi, a sequela para [“KING SOLOMON´S MINES / AS MINAS DE SALOMÃO“] foi filmada no mesmo período e o segundo filme veio a chamar-se “ALAIN QUARTERMAIN AND THE LOST CITY OF GOLD“.
Como refere Richard Chamberlain, se vocês acham que o primeiro filme era mau então esqueçam a segunda aventura.
Eu próprio agora não recomendo mesmo que vejam a sequela pois é uma verdadeira decepção. Toda a energia do primeiro desapareceu e se os actores parecem estar por ali em piloto automático e a fazer um frete é porque na sua maioria estavam visto que só entraram naquela coisa porque os espertos dos manos Globus os enredaram num contrato do qual não puderam escapar. Não só a sequela foi rodada com uma fração do orçamento do primeiro filme como tudo, desde o humor , à própria aventura parece verdadeiramente pobrezinho e claramente um donwgrade em relação ao filme inicial pois os manos Isrealitas queriam, segundo Chamberlain literalmente enganar o povo e não investir nada na continuação esperando que o facto de terem obrigado os actores a continuar bastasse.

Allan_Quatermain_and_the_Lost_City_of_Gold

Podem espreitar o segundo filme por curiosidade mas preparem-se porque as aventuras de Alain Quartermain já não têm a mesma vida, piada ou energia que alcançaram em [“KING SOLOMON´S MINES / AS MINAS DE SALOMÃO“] .

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NOTAS ADICIONAIS

TRAILER

 

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IMDb
https://www.imdb.com/title/tt0089421/

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